quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Ansiedade de separação - parte 2

Depois de tentar muitas coisas diferentes, sinto dizer que, 1 ano depois que os problemas de ansiedade pioraram com a nossa mudança, Luke ainda não se curou totalmente. Na verdade eu acho que nem vai e nem estou mais trabalhando tanto nisso. Ele já está mais velhinho, tem coisa que faz parte da personalidade dele, já tentamos muita coisa, muitos pequenos avanços foram feitos e já estou satisfeita com isso!

Não é por isso que ainda não fazemos o básico de sempre: não fazemos festinha nem nos despedimos; tentamos mantê-lo em um cômodo diferente de onde estamos (ele já sabe o que significa ir pro quarto ou ir para a sala e ok, nem sempre conseguimos manter ele longe por muito tempo); sempre saio para andar com ele (até porque agora ele está mais gordinho e precisa emagrecer um pouco!); e ele tem ficado muito mais tranquilo quando está no meio de mais pessoas - ele não fica mais pedindo maniacamente a atenção de todos, fica feliz, recebe carinho e depois vai pro canto dele.

Ele não tem uivado e destruído as coisas e essas foram com certeza as maiores mudanças de todas! Também descobrimos mais uma coisa que funciona muito bem com ele quando temos que ficar períodos mais longos fora de casa: colocá-lo dentro da caixa de transporte ou de uma caixa engradada nos dias quentes. Cachorros gostam de ficar entocados, se sentem mais seguros e ainda tem o plus de ficarem contidos para não destruirem a casa. Também deixamos ele dormir lá à noite, no começo porque às vezes ele fazia xixi e coco pela casa, mas agora ele está muito bem controlado neste setor e conter ele à noite serve para que ele não corra para dormir com a gente no quarto!*

- Alou? Tem alguém aí?

O que mudou é que ele fica choramingando e latindo logo que saímos com a esperança de chamar a nossa atenção, nem que seja para levar bronca. Compramos uma câmera de segurança e vimos que ele faz o barulho, espera para ver se há uma reação, e faz outro barulho. Porém depois de um tempo (que varia de meia hora à uma hora) ele percebe que ninguém vai aparecer mesmo e deita. Às vezes ele até cochila, mas na maior parte do tempo fica com os olhos estalados na direção da porta do quarto.

Esperando maniacamente na porta

Já testamos deixá-lo solto pela casa, quando sabemos que vamos voltar logo, e aí não tem muita dessa parte de chorar e latir. Ele fica um tempo sentado, encarando a porta da sala, mas depois de um tempo também vai deitar. Como eu dava bronca nele quando saia por pouco tempo para testá-lo e ele estava lá maluco esperando na porta, agora ele sai correndo pro quarto quando vê que estamos chegando (sacaninha!)**.


Update!

* Desistimos de fazê-lo dormir em outro quarto e agora ele dorme conosco. Estrahamente isso ajudou e ele está menos ansioso! Talvez se sentir mais parte do grupo tenha aumentando a auto confiança dele, seja lá como a mente dele funciona!

** Mudamos de casa desde a última vez que eu havia escrito este post e agora ele consegue olhar para a rua pela porta da frente de casa. Infelizmente ele ainda fica obcecado sentado diante da porta, olhando qualquer movimento e esperando que a gente apareça, mas pelo menos ele não tem chorado ou feito algo de errado - a não ser que tenha restos de costela no lixo, mas acho que isso é por gula e não por ansiedade, haha. Eventualmente ele se cansa e deita, mas sem tirar os olhos da janela. Ainda não é o ideal mas achamos que é melhor ele ficar solto em casa e sem chorar que preso dentro da caixa de transporte, principalmente se for por várias horas.

sábado, 27 de agosto de 2016

Ansiedade de separação - parte 1

Escrevi este post ano passado, deixei ele nos rascunhos e fui acrescentando algumas informações aos poucos. No fim foi tanta coisa que resolvi publicar só agora a primeira parte com a primeira fase do problema e em breve farei outra com a atualização da situação!

Todos os meus cachorros tem isso, fato. Somos donos nada exemplares: a gente quer ficar com eles o tempo todo, mimar, falar com voz fina, é uma droga. A Kellynha e a Bu ficam dentro de casa, quando a gente sai uma tem a outra, e mesmo assim elas surtam um pouco. A Bu ataca qualquer chinelo que estiver dando mole e a Kellynha começa a latir por qualquer motivo e continua ad infinitum, com aquela vozinha fina irritante. Ambas fazem uma festa fora do comum quando a gente chega e, só pra piorar mais um pouco, o pessoal gosta e continua incentivando a prática.

O Luke tinha um pouco disso, uivava sempre que via minha mãe saindo para o mercado ou às vezes quando eu saía a pé de casa (nunca quando estava de carro) e, diziam lendas, que ele ficava um tempão no portão me esperando ou checando muitas vezes se eu estava voltando. A festinha dele era normal e, como ele ficava a maior parte do tempo na garagem sozinho, achei que ele fosse mais centrado que as outras duas.
E eu estava terrivelmente errada.

Não sei se foi por causa da viagem (que deve ter sido ruim) de avião, mas com certeza tem a ver com o fato de estar em um lugar totalmente novo, sem visibilidade direta para a rua e sem ver uma penca de rostos conhecidos. Quando eu e o meu noivo saíamos do apartamento, ele tinha certeza absoluta que estava sozinho e entrava em pânico total. Era só ele ver que nós dois saímos ao mesmo tempo e já começava a uivar no primeiro minuto (descobrimos isso deixando um celular gravando o áudio), aí choramingava, aí parava pra respirar e continuava o ciclo em looping infinito.

Se fosse só o barulho, apesar de atrapalhar os vizinhos, até que não estaria ruim. O foda é que ele já fuçou o lixo, fez coco na cozinha, destruiu algumas caixas (uma delas de panetone, ainda bem que não afetou o conteúdo!), comeu a parte debaixo da persiana e o último e pior estrago foi ter arrancado uma parte do carpete, arranhado a porta, o batente e deformado a fechadura (aparentemente ele queria abrir a porta de alguma maneira). Além de ser prejuízo financeiro chato e fazer meu noivo passar por esse nervoso, ainda tem a parte que na verdade ele sofre muito com isso. São minutos, horas em estado de pânico sem sentido, sem pausas.

Desde que descobrimos o problema comecei tentar alguns exercícios diários com ele que li na internet, alguns foram muito bons e outros nem tanto, mas acho válido listar todos:

- Evito que ele fique muito tempo no mesmo cômodo com alguém
- Não deixo ele ficar muito tempo com muitas pessoas
- Ando com ele 3 vezes por dia, em uma delas por pelo menos 20 minutos (ele fica cansado então sei que é suficiente)
- Não nos despedimos dele, nem damos atenção quando ele está muito feliz quando voltamos
- Finjo que saio e não saio
- Saio por períodos de tempo variados, várias vezes em um dia
- Dou um pestico para ele sempre que saio (este não foi muito efetivo porque ele não é do tipo que dá muita importância pra comida)
- Deixei algumas roupas usadas no mesmo cômodo (acho que isso nunca funciona xD)
- Deixamos uma gravação nossa conversando, mas ele percebeu que não estávamos em casa
- Deixamos o rádio tocando música, mesma reação
- Achávamos que ter o gato perambulando eventualmente pela casa o faria perceber que não está sozinho, mas nada mudou e o gato também não dava a mínima atenção para ele, haha
- Comprei brinquedos novos e dava antes de sair, ele ainda gosta dos brinquedos mas não mexe neles quando está sozinho
- Comprei uma coleira anti latido que apita e, depois de algumas repetições, dá um choque leve. O problema é que ela não funcionava com uivos e acabamos devolvendo-a. Mais tarde li em algum lugar que a coleira poderia causar o efeito inverso e deixar o cachorro ainda mais ansioso.
- Tentamos usar uma técnica que vimos em um video do Cesar Milan de acostumar o cachorro a ficar deitado em uma cama enquanto você sai com energia calma e assertiva e tal, indo e voltando até que ele fique lá quieto e parado. Não funcionou muito bem porque era terrível para ele nos ver saindo pela porta, então o adaptamos para que ele ficasse no quarto, que fica com uma grade encostada no batente. No começo ele derrubava a grade, depois parou. Acostumamos que o quarto é o cantinho seguro dele e é lá que ele vai ganhar carinho se estiver calmo.

Em um mês e pouco nada disso foi muito efetivo e parecia não fazer efeito algum, já que não estávamos vendo nenhum progresso. Foi bem difícil manter a esperança nesse período! Pouco a pouco alguns sinais bem sutis foram aparecendo: ele uivava algumas vezes menos, ele demorava uns 15 minutos para dar o primeiro uivo e ele parou de destruir as coisas, ufa!

Depois disso começamos a perceber sinais melhores, diminuindo os uivos e demorando para soltar o primeiro. Até que um dia fingi que sai e ele não se manifestou. Não sei se ele sabia que eu não tinha saído ou se já era um baita avanço de desapego. Então eu e meu noivo saímos por uma hora, deixamos gravando e nenhum uivo, só alguns chorinhos! Nossa, foi uma vitória e tanto!

Já conseguimos ir no cinema sem nenhuma ocorrência de destruição ou uivo! Ele ainda choraminga às vezes, fica nos esperando muito e se a gente não der um tempinho faz aquela festinha louca, mesmo sem ter atenção de volta. Sabemos que não podemos deixar de exercitá-lo porque ele ainda tem o que ser consertado e, mesmo depois, não queremos que ele tenha uma recaída. Pode parecer que você está sendo frio com o seu cachorro, mas na verdade você está fazendo isso para que ele seja mais independente, equilibrado e feliz, já que sabemos que não poderemos dar atenção ou levá-lo junto para qualquer lugar sempre.

Cada cachorro vai ter o exercício que vai funcionar melhor, para o Luke com certeza são os 6 primeiros exercícios e a adaptação da sugestão do Cesar Milan, em especial a parte das caminhadas. Andar com o seu cachorro e esgotar um pouco da energia física dele com certeza o deixa mais calmo e é preciso fazer isso todos os dias, não somente no dia que ele precisar ficar sozinho; isso faz muito bem para eles no geral. Talvez para alguns os sons gravados e os petiscos funcionem bem também.

Outra coisa que deve ter melhorado é que ele foi se adaptando à nova rotina, aceitando uma nova casa e uma nova configuração de família.

Vou dizer que não foi nada fácil, que na verdade ainda não está sendo. Demorou muito tempo, precisou de muito esforço diário para cumprir os exercícios, muita paciência e deixar de sair para muitos lugares só pra ter uma melhorica de nada! Mas vale a pena, novamente, se é para o bem estar dele.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Juntando um gato e um cachorro velhos sob o mesmo teto

Meu noivo tem um gato chatinho chamado Miki, está com ele há uns 8 anos (chutamos que deve no fim ter a mesma idade do Luke), que não é nada sociável mas pelo menos não é daqueles bichos endemonados que atacam as pessoas pelas costas e tal. Foi cogitado que ele continuasse a morar na casa dos pais dele, porque foi a casa que ele sempre morou e tudo mais, mas ao mesmo tempo ele é muito apegado ao meu noivo, é a única pessoa no mundo que ele ama e confia (e é quando ele dá sinais de ser um gatinho manhoso, fora isso ele não tá nem aí com o resto da família xD).

Seguimos algumas dicas que a veterinária do Luke deu e outras que vimos na internet. O cachorro nunca tinha visto um gato de perto e o gato nunca tinha visto um cachorro pessoalmente. Os dois são velhinhos, ambos são medrosos e nada possessivos. Esse foi o jeito que fizemos mas talvez não seja a fórmula perfeita!

Não tínhamos nada a perder se o Miki e o Luke não conseguissem conviver, tentaríamos e se não desse certo ele voltaria para a casa de sempre e pronto. Primeiro esperamos o Luke se acostumar com a casa nova, por mais ou menos um mês, e aprender que aquele seria o novo lar dele. Enquanto isso, levamos uma roupa velha do Luke pro Miki cheirar e uma coberta do Miki pro Luke cheirar. Nenhum dos dois rejeitou a peça, o Luke chegou até a dormir em cima da coberta! (e depois de um tempo aqui o Miki voltou a usar a coberta sem problemas)


E então o Miki chegou. Não deixávamos os dois soltos na casa ao mesmo tempo, quando um estava solto o outro ficava preso no quarto. A sala era o ambiente comum deles. Quando achamos que o Miki parecia tranquilo com os cheiros e espaço, apresentamos os dois através de uma grade. Não deu certo porque o cachorro, que tava acostumado a latir no portão, se sentiu muito corajoso e latiu pro gato, que corajosamente mostrou os dentes e se escondeu embaixo da cama pelo resto do dia.

Foi um grande passo para trás. Esperamos o Miki se sentir mais a vontade de andar pela casa de novo para tentar uma nova reaproximação, desta vez ele ficava dentro da caixa de transporte e o Luke preso pela guia, a uns 10 passos de distância. Esperávamos o Miki ficar numa posição confortável e corrigíamos o Luke sempre que ele tentava alguma reação brusca: ele tinha que aprender a relaxar e não ficar tão curioso sobre o gato. Chegamos até a inverter, colocando o Luke na caixa e o Miki solto. Todos os dias, cada vez deixando a caixa mais perto e o tempo de exposição maior.

"Hmmm... estava só checando este chiqueiro"

Até que um dia, acho que quase 2 semanas depois, sentimos que os dois estavam ficando confortáveis com a presença do outro até que rápido e estando bem perto. Resolvemos abrir a caixa do Miki e depois de um tempo soltar a guia do Luke. Eles já não estavam mais incomodados ou muito curiosos um sobre o outro. Finalmente conseguimos deixar os dois juntos na casa!

Victory!!!

No começo o Miki ainda assustava muito com o jeito desengonçado do Luke e o Luke não entendia muito bem a linguagem corporal do Miki. Com o passar dos dias os dois foram se acertando sozinhos e agora estão no ponto de um roubar a comida e os brinquedos do outro e a compartilhar (não ao mesmo tempo) o mesmo pote de água! Não são melhores amigos, daquelas fotos fofas de animais dormindo juntinhos, mas pelo menos convivem bem, ficam perto, nunca brigaram e isso para nós já está ótimo! Era a minha maior expectativa dado o perfil das crianças, haha.

"Ops. Então... estava só checando de novo"

O gato também está mais feliz no geral: super confortável com o novo lugar, transferiu todas as manias dele, adaptadando-as e também está mais brincalhão, roubando muitas vezes os meus elásticos de cabelo. =P

Como disse antes, acho que o fato de terem a idade avançada ajudou porque cachorro quando é novo e quer brincar é foda, é muita energia e chega a pentelhar demais, haha. No começo foi muito ruim eles serem medrosos, qualquer barulhinho já fazia algum deles pular, mas serem um pouco desprendidos de bens materiais ajudou na hora de compartilhar os cheiros e a conviver no mesmo lugar.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Viajando com o cachorro de avião - parte 4: chegando nos EUA!

Welcome do United States, weee!

Não foi uma recepção muito calorosa, de todas que tive, esta com certeza foi a pior (porque a onda de coco nunca vem pequena, não é mesmo? xD). As filas da imigração só não estavam piores que as da alfândega, todas provavelmente causadas por vários voos que chegaram juntos, incluindo um da Índia. Sério, nunca vi uma fila para sair das esteiras das malas que desse a volta no espaço inteiro! E só porque eu estava ansiosa tive a sorte de pegar o agente que é novo e quer mostrar serviço, fazendo uma penca de pergunta, se sentindo importante por ser sarcástico e que era tão novo no negócio que nem sabia a ordem para colocar as digitais no leitor. Lazarento.

Consegui pegar minhas malas, sair, encontrar com meu noivo e os pais dele e então começar uma nova saga para tirar o Luke do aeroporto. Primeiro andamos pacas pra encontrar o escritório que lida com os pets (eles mudaram de nome e o despachante nos deu direções erradas) e quando finalmente o encontramos fomos informados que a alfândega que libera animais só abriria meio dia e eram seis horas da manhã por uma funcionária que tinha tanta vontade de trabalhar quanto uma samambaia. PQP vei, como assim? Por quê só meio dia? POR QUÊ???

Minha vontade era entrar lá, pegar meu cachorro no colo e levá-lo embora, mas nããão... tivemos que ir, deixar minhas malas, tomei um banho, me alimentei e voltamos para o aeroporto, gastando mais ou menos 1 hora e meia em cada trecho dessa brincadeira e pagando estacionamento mais uma vez.

Chegamos lá de novo mais ou menos 1 da tarde e o Luke estava liberado sem problemas, weee! Tive apenas que mostrar o Draft, que o despachante me deu. Ele deve ter passado tanto medo nesse período todo que ele não ficou super feliz em me ver, estava meio em estado de choque e chorando. Aí eu sou uma manteiga derretida, chorei junto e só não o abracei ali porque ele estava todo mijado, haha. Haviam realmente dado água gelada para ele e não tenho certeza absoluta se ele passeou, mas havia guias e funcionários andando pelo lado de fora com cachorros mesmo. Também nos devolveram todos os documentos envolvidos: a carteira de vacinação, os exames, etc.

Foi meio complicado sair com aquela caixona de lá, os elevadores não davam acesso àquele piso, não há carrinhos de mala gratuitos e meu noivo deu uma baita volta pra conseguir parar o carro ali perto. Graçasadeus a viagem dele estava terminando. Antes ele tinha muito medo de carro, chegou até a fazer um xixizinho certa vez, só que ele estava tão cansado e talvez mais tranquilo, que capotou e dormiu o caminho de volta todo.

Que baderna, mamãe
Depois foi aquele mini auê de limpar a sujeira toda da caixa (Lysol, um produto de limpeza sensacional, me salvou), jogar o pedaço de roupa que tinha fora, isolar a cobertinha na varanda e dar banho no cachorro e secá-lo com secador só pra estragar mais o dia dele, haha. Ele deve ter sofrido muito, mas foi para o bem dele, por uma vida melhor. E agora ele nem quer mais saber de entrar na caixa de transporte. xD

Foi um perrenguinho e a dica final que dou depois de tudo isso é: leve seu pet em uma viagem somente se não tiver jeito mesmo! Se pros EUA, que é mais fácil, eu já achei que foi sofrimento demais, imagina pra esses países que ainda exigem quarentena! Trouxe o cachorro que tinha certeza absoluta que aguentaria a viagem e não traria de jeito algum as outras duas que tenho, de focinho curto, ansiosas e com alguns probleminhas de saúde porque aí sim eu ficaria preocupada que elas não aguentassem. Só abriria exceção se existr alguma companhia que aceite pets na cabine em voos internacionais.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Viajando com o cachorro de avião - parte 3: o dia da viagem

Estava completamente maluca, babando espuma e a ponto de matar alguém. Além de todas as preocupações normais de uma viagem internacional eu ainda estava temendo ser a responsável por qualquer coisa de ruim que poderia acontecer ao meu cachorro durante a viagem, mesmo que a culpa não fosse minha (porque no fundo eu achava que seria, já que ele estava viajando por minha causa).

Segui todas as recomendações da empresa despachante, cortei a comida, dei uma voltinha pra ele esvaziar a bexiga e preparei a caixa, onde ele entrou só na última hora. Seguimos para o aeorporto sem problemas (trânsito incrivelmente amigável!) e, quando estávamos quase chegando, liguei para um dos despachantes que me encontraria no setor de cargas, conforme também havia sido instruída.

A explicação de onde encontrar o maldito setor de cargas foi a pior possível e não conseguiria explicar direito para ninguém. Sei que depois de muitas voltas, quase entrar em lugares proibidos e perguntar para algumas pessoas, encontramos o tal lugar. Piorando um pouco a situação, só um carro poderia seguir e ainda queriam que fossem só eu e o cachorro (isso não foi possível porque eu não sei dirigir, hehe). Tivemos problemas para tirar a caixa do carro porque o porta mala emperrou e o tiozinho da segurança já estava implicando porque estávamos demorando demais lá dentro, argh!

No fim tiramos o Luke de lá, dei a super volta até onde tinha uma rampa que dava acesso ao lugar onde ele ficaria, desmontamos e remontamos a caixa. O despachante colocou os adesivos exigidos (sobre a orientação da caixa, que se tratava de carga viva, que era um cachorro, meus dados, etc.) e os potinhos.


Ele ficaria esperando em uma salinha lá até o horário de ser colocado no avião, onde já havia um outro cachorro que seguiria no mesmo voo que o nosso (e pra piorar ele ainda iria dormir em um hotelzinho em Newark e seguir para Detroit, sozinho!). Lá estavam despachantes, funcionário da companhia aérea e funcionário do aeroporto que checava a documentação, que percebeu que faltava um carimbo em uma das vias do atestado internacional do Ministério da Agriculura. WHAT???

Sim, o veterinário que fez isso não viu, o despachante que foi lá não viu e o que estava lá comigo teve que correr até o terminal 3 (que ficava bem longe dali) para regularizar a papelada! Enquanto isso fiquei lá, com o Luke na coleira, conversando com uma despachante e o funcionário da United, que me deixaram bem tranquila. Eles disseram que é muito comum animais viajarem, que às vezes aquela sala ficava cheia de bicho que viajava desacompanhado e que realmente o que vai pra mídia são as histórias de horror. Também me adiantaram que chegando nos EUA dariam água, talvez oferecessem comida se fosse um voo maior que 12 horas e que até dariam uma volta com ele.

Depois de mais ou menos 1 hora, o despachante voltou, teve que recarimbar e assinar todas as vias por se tratar de outro veterinário mas que agora estava tudo certo. Luke entrou na caixa e eu teria que seguir pro meu check-in. Novamente acharam ruim que minha irmã ficou me esperando lá muito tempo. É chato, mas os caras devem ter muito medo de assalto de carga!

Quando entrei no avião, a primeira coisa que fiz foi perguntar para um comissário de bordo se ele teria como me avisar se meu cachorro estava dentro do avião. Ele foi muito solícito, decorou o acento onde eu estava e um pouco depois que a porta fechou ele veio me trazer um papel que o piloto recebe confirmando que os cachorros estavam lá. Ufa!


Acho que fiquei tão tensa e de repente relaxei quando vi que tudo parecia estar certo que dormi como nunca durante a viagem, coisa que geralmente não faço porque não consigo me ajeitar muito bem na poltrona!
Agora só faltava mais um pouco pra todo aquele auê terminar! >_<

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Viajando com o cachorro de avião - parte 2: preparação

Até hoje não tenho certeza se essa parte foi realmente útil ou se tudo teria sido pior se não tivesse tentado nada!
Começando pelo começo, pesquisei para comprar a caixa de transporte e a única que tinha todos os requisitos e que dava para confiar 100% foi a Vari kennel da Petmate (o modelo Compass da mesma marca me pareceu um pouco mais frágil, mas se for para cachorro menor ou dono menos maluco talvez sirva xD). Ela tem todos os padrões exigidos pelos órgãos reguladores e blablabla. Terrivelmente cara, parcelei em 5 vezes e só encontrei disponível online na Cobasi. Tentei comprar uma pelo mercado livre, que dizia nunca ter sido usada e o cara foi super prestativo em me encontrar em um shopping perto de casa e tal. Infelizmente o tamanho que ele anunciou estava errado e serviria no máximo para a Bu.

Sobre o tamanho, eles recomendam que a caixa seja grande o suficiente para permitir que o animal fique em pé com folga e consiga dar uma volta em si mesmo. No caso do Luke eu tirei suas medidas e vi que ele caberia numa caixa intermediária sem muita margem de conforto, logo teria que ser a grande, onde ele viajou com bastante espaço. Neste caso é melhor sobrar do que faltar e quando cheguei para a inspeção no setor de cargas a caixa foi aprovada na hora.

Caso não ache as caixas dessa marca ou tenha dúvidas sobre o tamanho, é possível tirar uma foto ou levar a caixa até o atendimento da companhia aérea e confirmar se está tudo ok. Não deve haver coisa pior que descobrir na hora que não se pode embarcar com o seu bichinho.

Comprei a caixa quase 2 meses antes para que ele se acostumasse a ela. Segundo dizem, assim o cachorro se sentiria protegido por ela e sofreria menos. Bloqueei a casinha do Luke para que ele usasse a caixa no lugar e deu certo, ele inclusive se abrigava lá quando estava com medo ou frio! Ele ficou sem a caixa por umas semanas porque fiquei com receio que ele roesse alguma parte dela (que é toda de plástico bem duro, só que sei do que os dentinhos dele são capazes) e a coloquei de novo para uso nas últimas 2 semanas.

with lasers!
Informei-me sobre o que poderia ir com ele junto na caixa, porque o cargo onde eles são transportados tem a mesma temperatura da cabine, ou seja, é frio e infelizmente eles não podem ir com roupas e nem mesmo com coleiras para evitar que algo se enrosque e machuque. Coloquei duas folhas de tapete absorvente, uma coberta forrando-as e uma roupa minha velha pra deixar o "cheirinho de mamãe" por perto, haha. Havia 2 potinhos que poderiam ser abastecidos com água ou comida se fosse necessário e mandei à parte um punhado da ração dele, que foi colocado em um saco e grudado no topo da caixa.

Falando em comida e água, eles recomendam que se pare de oferecê-los algumas horas antes da viagem (10 ou 12 horas, não me lembro direito). Os cachorros sobrevivem bem por esse período e evita menos cacas na caixa.

Pedi para a veterinária que receitasse algum remédio para deixá-lo mais calmo e ela me recomendou metade de um dramin, que duraria cerca de 7 horas e seria o suficiente para ele ficar mais calmo na hora tensa de ser colocado no avião e na decolagem. O problema foi que eu não testei como ele reagiria à medicação antes da viagem e depois que você chega no setor de cargas o pessoal não deixa você dar mais nada. Se o cachorro for sedado demais e ficar muito sonolento e cambaleante a companhia se recusa a transportá-lo com receio que ele passe mal depois ou que ele não reaja caso a caixa caia ou algo terrível assim.

O ideal mesmo para fazer um cachorro ficar mais tranquilo antes de uma situação de stress é cansá-lo muito porém no dia da viagem, com tanta coisa para se ver, é um luxo dispor de meia hora que seja para sair andando ou correndo com ele! No meu caso o voo era às 21, eu precisava fazer o check-in às 18 e me pediram para levar o cachorro no setor de cargas às 16, fiquei com menos tempo ainda.

Foi muito bom ter preparado e pesquisado o máximo que pude para essa viagem e mesmo assim fiquei nervosíssima. Se não tivesse feito a lição de casa nem sei o que seria de mim. xD

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Viajando com o cachorro de avião - parte 1: pesquisa e burocracia

Você lê e vê na TV histórias horríveis sobre cachorros viajando de avião, morrendo no compartimento de cargas porque o piloto não sabia que havia um animal lá ou se perdendo em alguma parte do trajeto e a companhia áerea sem saber o que fazer. Mas às vezes você se depara com uma situação que não tem como deixar o cachorro tanto tempo com a sua família (que já vai ficar com as outras duas que tem focinho achatado e não podem viajar) e ele é grandinho o suficiente para não ser aceito na cabine (e não adianta explicar que ele é o cachorro mais bonzinho do mundo).

E foi por essa situação que o Luke passou. Primeiro foi muita pesquisa sobre como seria o processo (inclusive das histórias trágicas) e no fim fomos de United Airlines porque eu já havia comprado a minha passagem que estava em promoção, hehe. Nosso destino era Newark, voo direto, mais de 9 horas, menos chance de perderem um cachorro por aí e tal. Liguei para a central de reservas, que não tinha informação alguma a não ser que eu tinha que ligar no setor de cargas. Ligo lá e a moça só me pediu o e-mail para mandar tudo explicadinho, provavelmente não tava afins de gastar saliva naquele dia. Recebo o e-mail com informações genéricas, descubro que contratar um despachante era obrigatório e lá havia até indicação de 3 empresas.

Não curti essa parte, falei com a veterinária e ela já tinha mandado muito animal pro exterior que não precisou disso, inclusive que o barato parecia ser venda casada! Ligo no escritório do ministério da agricultura (fiquei horas tentando pra descobrir que só existe uma moça lá que sabe de tudo e que não trabalha lá o tempo todo, não recomendo que ninguém passe por isso) e eles confirmaram que não era obrigatório. Ligo na United de novo, eles insistem que é necessário para se manter um padrão de qualidade e blablabla e aquele tom de "você pode tentar ir sem mas aí não garantimos que tudo dará certo".

Isso foi foda, você já tá lá maluca pelas histórias que deram errado, o animal fica desacompanhado por um bom tempo sem que você possa fazer algo por ele. Vai que dá uma merda e depois a companhia lava as mãos? Ok, vamos entrar em contato com o único despachante que tinha página no facebook e algum review ou outro encontrável online, a MM Cargo. Ligo e aguardo por mais um e-mail com mais informações, desta vez mais precisas e um orçamento de cair da cadeira: meu cachorro de 18 kg + 8kg da caixa custaria 1100 DÓLARES para viajar comigo, sendo que 435 era pra United, 315 de taxas do aeroporto e tals (não faço ideia do que eram as siglas e ninguém me explicou) e 380 de comissão para eles + 30% de adicional porque o voo era em um final de semana. 
O valor era absurdo mas, novamente, me senti refém da situação, minha passagem já estava comprada e a companhia forçando essa obrigatoriedade. Se não fosse meu noivo, o cachorro teria ficado e a história teria terminado aqui.  

Fiquei ainda mais revoltada porque sabia que os Estados Unidos é um dos países menos chatos em relação a entrada de pets. Eu precisava comprovar a validade da vacina de raiva (a última dose tinha que ter sido a menos de 1 ano, mas não poderia ter menos de 30 dias e não serve aquela chumbrega que a prefeitura dá de graça), pedir um atestado da veterinária dizendo que o Luke estava apto para viajar (com a data recente em relação a data da viagem) e, com esses dois, emitir o certificado internacional no ministério da agricultura (que também deveria ser emitido a poucos dias da viagem). Para o despachante ainda tive que mandar uma procuração e uma cópia autenticada (odeio cartórios) do meu documento de identidade. Tudo pelo correio, deu um receiozinho, mas pelo menos tudo chegou lá certinho.

No fim a United também pediu um ultrassom abdominal porque o Luke (com certeza) tem mais que 7 anos e portanto considerado idoso (tadinho). Aproveitei que ele tinha que fazer esse exame e também chequei os pulmões e o coração dele. Nos exames apareceram uma pequena arritmia, sedimentinhos nos rins, uns probleminhas na coluna - todos eles causados pelo avanço da idade, nada muito grave. Ele poderia viajar! 

Um mês antes eles fizeram a reserva no cargo do mesmo avião que eu viajaria. Às vezes me mandavam do nada confirmações com datas diferentes e no meio do caminho a United mudou do nada o número do voo, mas no fim a reserva foi feita certinha. O pagamento foi feito na semana da viagem, por depósito bancário.

Essa foi a parte papelatória da história, a mais chata com certeza, e a que o Luke não tem nem ideia que foi necessária para a viagem dele. xD