segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Viajando com o cachorro de avião - parte 1: pesquisa e burocracia

Você lê e vê na TV histórias horríveis sobre cachorros viajando de avião, morrendo no compartimento de cargas porque o piloto não sabia que havia um animal lá ou se perdendo em alguma parte do trajeto e a companhia áerea sem saber o que fazer. Mas às vezes você se depara com uma situação que não tem como deixar o cachorro tanto tempo com a sua família (que já vai ficar com as outras duas que tem focinho achatado e não podem viajar) e ele é grandinho o suficiente para não ser aceito na cabine (e não adianta explicar que ele é o cachorro mais bonzinho do mundo).

E foi por essa situação que o Luke passou. Primeiro foi muita pesquisa sobre como seria o processo (inclusive das histórias trágicas) e no fim fomos de United Airlines porque eu já havia comprado a minha passagem que estava em promoção, hehe. Nosso destino era Newark, voo direto, mais de 9 horas, menos chance de perderem um cachorro por aí e tal. Liguei para a central de reservas, que não tinha informação alguma a não ser que eu tinha que ligar no setor de cargas. Ligo lá e a moça só me pediu o e-mail para mandar tudo explicadinho, provavelmente não tava afins de gastar saliva naquele dia. Recebo o e-mail com informações genéricas, descubro que contratar um despachante era obrigatório e lá havia até indicação de 3 empresas.

Não curti essa parte, falei com a veterinária e ela já tinha mandado muito animal pro exterior que não precisou disso, inclusive que o barato parecia ser venda casada! Ligo no escritório do ministério da agricultura (fiquei horas tentando pra descobrir que só existe uma moça lá que sabe de tudo e que não trabalha lá o tempo todo, não recomendo que ninguém passe por isso) e eles confirmaram que não era obrigatório. Ligo na United de novo, eles insistem que é necessário para se manter um padrão de qualidade e blablabla e aquele tom de "você pode tentar ir sem mas aí não garantimos que tudo dará certo".

Isso foi foda, você já tá lá maluca pelas histórias que deram errado, o animal fica desacompanhado por um bom tempo sem que você possa fazer algo por ele. Vai que dá uma merda e depois a companhia lava as mãos? Ok, vamos entrar em contato com o único despachante que tinha página no facebook e algum review ou outro encontrável online, a MM Cargo. Ligo e aguardo por mais um e-mail com mais informações, desta vez mais precisas e um orçamento de cair da cadeira: meu cachorro de 18 kg + 8kg da caixa custaria 1100 DÓLARES para viajar comigo, sendo que 435 era pra United, 315 de taxas do aeroporto e tals (não faço ideia do que eram as siglas e ninguém me explicou) e 380 de comissão para eles + 30% de adicional porque o voo era em um final de semana. 
O valor era absurdo mas, novamente, me senti refém da situação, minha passagem já estava comprada e a companhia forçando essa obrigatoriedade. Se não fosse meu noivo, o cachorro teria ficado e a história teria terminado aqui.  

Fiquei ainda mais revoltada porque sabia que os Estados Unidos é um dos países menos chatos em relação a entrada de pets. Eu precisava comprovar a validade da vacina de raiva (a última dose tinha que ter sido a menos de 1 ano, mas não poderia ter menos de 30 dias e não serve aquela chumbrega que a prefeitura dá de graça), pedir um atestado da veterinária dizendo que o Luke estava apto para viajar (com a data recente em relação a data da viagem) e, com esses dois, emitir o certificado internacional no ministério da agricultura (que também deveria ser emitido a poucos dias da viagem). Para o despachante ainda tive que mandar uma procuração e uma cópia autenticada (odeio cartórios) do meu documento de identidade. Tudo pelo correio, deu um receiozinho, mas pelo menos tudo chegou lá certinho.

No fim a United também pediu um ultrassom abdominal porque o Luke (com certeza) tem mais que 7 anos e portanto considerado idoso (tadinho). Aproveitei que ele tinha que fazer esse exame e também chequei os pulmões e o coração dele. Nos exames apareceram uma pequena arritmia, sedimentinhos nos rins, uns probleminhas na coluna - todos eles causados pelo avanço da idade, nada muito grave. Ele poderia viajar! 

Um mês antes eles fizeram a reserva no cargo do mesmo avião que eu viajaria. Às vezes me mandavam do nada confirmações com datas diferentes e no meio do caminho a United mudou do nada o número do voo, mas no fim a reserva foi feita certinha. O pagamento foi feito na semana da viagem, por depósito bancário.

Essa foi a parte papelatória da história, a mais chata com certeza, e a que o Luke não tem nem ideia que foi necessária para a viagem dele. xD